O Instituto Cultural do Cariri realizou, em 18/11/2020, um dos seus mais participativos Colóquios. Em torno de 60 convidados preencheram a nossa Sala Virtual, uma qualificadíssima plateia de icceanos, gestores/agitadores culturais, professores/alunos de Artes Visuais ,artistas plásticos de incontáveis localidades : Recife, Juazeiro do Norte, Barbalha, Fortaleza, Espírito Santo, Asolo ( Itália), Jaguaretama, São Paulo. O conclave foi moderado pelo presidente J. Flávio Vieira, secretariado por Carlos Rafael Dias e teve a participação dos palestrantes: Dodora Guimarães, Edilma Saraiva, Wilton Dedê, Alemberg Quindins e o grande Mecenas do Museu Vicente Leite, o artista plástico Bruno Pedrosa, radicado na Europa. A grande questão voltou-se para uma das mais vergonhosas pendências culturais do Crato, o fechamento do Museu Vicente Leite, há exatos 14 anos. Mais de três administrações se arrastaram pela cidade sem que a triste realidade tenha sofrido qualquer mutação. Identificamos alguns nós críticos :
1- Já que um Museu precisa ter
local para Exposições permanentes e
temporárias, iteratividade, pesquisa, visitas guiadas, auditório. Qual seria o
melhor local para funcionar o museu Vicente Leite ?
2- Como está atualmente o acervo
preciosíssimo do Vicente Leite , com obras de Sérvulo Esmeraldo, José Reis
Carvalho, Bruno Pedrosa, estocadas há mais de 10 anos , englobando já quatro
administrações municipais , sem solução ?
3- Em que estado se encontra
atualmente o Projeto de Reforma do Museu, encaminhado pela atual Gestão ? Há
prazo para início das obras ?
4- Como fazer com que a Fundação J.
de Figueiredo Filho cumpra a suas
funções, podendo administrar os Museus Histórico e Vicente Leite, com
independência do poder municipal, evitando as ingerências políticas, o Cabide de
Empregos e os solavancos de mudança de
governo a cada quatro anos ?
5- Extraviaram-se obras do acervo
original ?
Trabalhou na nossa Trilha Sonora o grande músico cratense Batista que executou duas músicas , no intróito e no encerramento. Após abertura da sessão , o presidente falou sobre a terrível condição que levou à obnubilação do nosso Museu e que o acontecido mexe, profundamente, com a autoestima da nossa cidade. Pediu que todos fossem propositivos e procurassem, em meio à mágoa e à tristeza, encontrar caminhos no meio do nevoeiro. O grande Mecenas do Museu, Bruno Pedrosa, foi chamado a fazer o seu relato emocionante, o que fez de forma veemente, desapontado com a doação de valor incalculável que fez à cidade do Crato e que terminou por ser dilapidado e , talvez, em muito deteriorado. Diante das graves questões levantadas, após intenso debate, de muitos apaixonados pela causa, foram levantados pontos importantes:
a) Precisa ser avaliada, urgentemente, as condições de conservação de todo acervo;
b)Importante que o Museu continue de posse do município e na sua sede tradicional, buscando-se maneiras de ampliar espaços , em edificações próximas, para exposições temporárias, pesquisa, cursos;
c) Envolver a parceria imprescindível de Cursos de Artes Visuais da Urca e UFCA;
d)Estudar maneira viável de que o Museu tenha administração própria ( Fundação J. de Figueiredo Filho reestruturada) , com fins de evitar os solavancos inevitáveis da gangorra política local;
e) Museu deverá ter função não só expositiva, mas educativa, cultural e social;
f) O grande Mecenas Bruno Pedrosa propõe-se a aumentar, inclusive, o acervo do museu com novas e importantes doações, desde que se consiga reativá-lo;
g) Dodora Guimarães propôs , na reinauguração, fazer uma exposição temporária internacional : "Sérvulo Esmeraldo e Amigos", prevista para acontecer nos anos 90, mas que terminou por ser abortada. Sérvulo via a possibilidade de serem doadas outras obras de amigos seus para o Museu;
h) Avaliar as obras do acervo roubadas e denunciar na justiça, divulgando amplamente com imagens , na mídia, as obras desaparecidas e afanadas;
i) O ICC propôs continuar a batalha, formando o GT, para demarcar os próximos passos da luta a ser empreendida.
O Conclave que começou tenso, com paixões e arroubos expostos, terminou com grande congraçamento de todos, cientes da importância da causa defendida e do amor transbordante de todos pela "Heráldica Cidade do Crato", como um dia a denominou nossa Rachel de Queiroz.