Fotos : Allan Bastos
Apresentação do livro : "A Cidade dos meus Sonhos"
Armando Lopes Rafael
Meses atrás, João Teófilo Pierre enviou-me um
e-mail, pedindo que eu escrevesse o prefácio deste seu livro “Cidade dos meus Sonhos”. Honrado pela escolha, fi-lo com alegria. Naquele
prefácio – que vocês poderão ler a partir da página 17 – escrevi apenas o
ritual costumeiramente exigido para um prefácio: as explicações resumidas
sobre conteúdo do livro, seus objetivos, além de comentários sobre a produção
literária do autor.
Agora, convocado
a fazer – para esta seleta plateia – a apresentação da mesma obra, creio que
devo acrescentar breves considerações adicionais sobre o Prof. João Pierre.
Admiro nele, a missão que se auto impôs: elevar e divulgar o Crato, quando as
oportunidades surgem. E isso não vem de agora. Há 50 anos, e para citar um
único trabalho dele, quando foi Secretário Municipal de Cultura, João Pierre –
remontando visões de passado e antevendo o futuro – tornou realidade o
Museu de Artes Vicente Leite, instituição que – até dez anos atrás – era o
orgulho desta Cidade de Frei Carlos. Portanto,
o Prof, João Pierre aqui se apresenta portando de experiências de vida e com serviços
prestados a esta comunidade.
Relembro que João Teófilo Pierre é um homem viajado. O conhecimento de
novas sociedades, com suas visões de vida proporcionaram-lhe vislumbrar novos
horizontes. Ainda jovem foi enviado para estudar em Roma, a Cidade Eterna. Lá ele
viveu alguns anos. Não conheço ninguém que tendo conhecido Roma não fique
apaixonado, pelo resto da vida, por aquela cidade.
No entanto, foi outra a cidade que arrebatou
o coração de João Pierre. Sua paixão
intensa (que perdura da juventude aos dias atuais), é um pequeno centro urbano,
localizado no interior do Ceará. Sim, este mesmo que os nossos primeiros
professores nos ensinaram a exaltar como “A flor da terra
do sol; o berço esplêndido dos guerreiros da "Tribo Cariri". Pois
é esta mesma comunidade denominada de “Cratinho de Açúcar”, pelas pessoas
simples das periferias e do supedâneo da Chapada do Araripe. (Outro dia me adverti de que, nos meus tempos
de criança, essa gente simples e boa era conhecida pela carinhosa expressão de “povinho”.
Hoje, pela força da mídia, pouco confiável, diga-se de passagem, aquela
expressão foi transmudada para a grosseira palavra de “povão”).
João Pierre nos ensinou – já há algum tempo
– várias lições de vida. Uma delas, a de que somos criadores da nossa própria
história. Atraímos muita coisa para nossa própria vida. Se você encontra algo
maravilhoso, nos caminhos percorridos e se acha que à sua volta há muita coisa
boa, será isso que você colherá.
Permitam-me ler um trechinho, bem
pequeno, do livro: “Histórias para aquecer o coração”, de Jack Canfield,
onde ele transcreve uma historinha contada por Willy McNamara”
“Um viajante, ao se aproximar de uma cidade grande, perguntou a uma mulher sentada à beira da estrada:
– Como
são as pessoas nessa cidade?
(A mulher
perguntou):
– Como
são as pessoas no lugar de onde você vem?
– Uma
gente horrível – respondeu o viajante. – Pessoas
egoístas, em quem não se pode confiar, detestáveis sob todos os aspectos.
– Ah –
disse a mulher –, você vai achar o mesmo tipo de gente por aqui.
O homem mal
tinha se afastado quando outro viajante parou e fez à mulher a mesma pergunta,
curioso sobre os habitantes da cidade.
Mais uma
vez, a mulher quis saber como eram os habitantes da cidade de onde vinha o
homem.
– Pessoas
boas, honestas, trabalhadoras e compreensivas com os outros e com elas
mesmas – respondeu o segundo viajante.
A sábia
mulher retrucou:
– Pois é
esse mesmo tipo de gente que você vai encontrar por aqui”.
(Até aqui palavras de Willy McNamara).
Mas voltemos aos sentimentos nobres do Prof.
João. Admira-nos como ele mantém um amor fiel a Crato. Talvez por ser a terra dos
“primeiros alumbramentos”, utilizando essa palavra usada por
Manuel Bandeira, para exaltar a cidade de Recife, cortada pelos rios, sob um céu
líquido de azul.
É tocante o amor que João Pierre tem pelo
Crato. A palavra amor é velha; o sentimento, mais velho ainda. E embora
desgastada pelo uso, e pela mentalidade coletiva dos tempos atuais, o amor
é, no entanto, a palavra mais adequada para definirmos o sentimento que habita no
coração de João Pierre, por tudo que se refere a Crato.
A exaltação que João Teófilo Pierre faz a nossa
cidade é a temática recorrente de sua já vasta produção literária. Um amor
também presente nos pronunciamentos que ele fez e continua fazendo, bem como nas
suas ações mais corriqueiras. Ainda hoje mantém sua casa na Rua Carolino
Sucupira, onde ele sente a alegria de abrir, observar, em seguida fechar novamente,
sempre que vem aqui.
Um ritual como a marcar sua conduta de
cidadão e do homem público que foi, quando exerceu os cargos de secretário
municipal e vice-prefeito de Crato, nos anos da década 70. Corroborando ser
verdade aquela frase da Bíblia – constante do Evangelho de Mateus – de que “A
boca fala do que está cheio o coração.”
Esses bons e nobres sentimentos, tornaram-se
uma característica marcante da personalidade de João Teófilo Pierre. E ele sabe
repassar, com simplicidade e profundidade, tudo o que lhe vai no coração.
Ainda bem que João teve consciência e
sensibilidade de saber que as boas palavras e os
bons sentimentos não devem ser trancados dentro de si. Antes, devem ser regados
para florir. E, depois de floridos, devem ser socializados com a comunidade,
visando unicamente o bem desta. Sem buscar reconhecimento em troca; sem alimentar
vaidades efêmeras, nem se preocupar em ouvir louvaminhas, as quais nem sempre
sinceras. João Teófilo Pierre ministra essa liturgia da cidadania, e isso lhe
faz feliz.
Continue assim, professor! Seu sermão
silencioso tem observadores e, quiçá, terão seguidores neste seu sentimento
afetivo e cívico por sua cidade. E para encerrar, faço minhas as palavras de
Júlio Aukav, que caem como uma luva no agir do Prof. João Pierre:
“Seja idealista
nos seus sonhos, continue buscando o que realmente lhe faz feliz. Tenha paz em
sentimentos na plenitude que honre a razão. Seja luz numa estrada escura. Seja
sol num dia sereno. Seja infinito no amanhecer de um dia especial. Tenha
certeza de que são as paixões que movem o mundo e não os interesses materiais.
Pois somente o amor ilumina um coração puro e idealista”.
Honra ao mérito! Honra ao nobre
professor João Teófilo Pierre.
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