FRANCISCO ARAÚJO TELES
( TUTITA)
24/02/1941 - 12/12/2022
O Instituto Cultural do Cariri junta-se , neste momento , a toda tribo caririense na tristeza pela partida do nosso querido Francisco Araújo Teles , conhecido carinhosamente por Tutita. Nascido em Santa Quitéria, por umas dessas ironias do destino, o cratense raiz , nunca abandonou os pés da Chapada do Araripe. Mesmo quando , por questões estudantis e profissionais, precisou percorrer outras terras como: Ipu, Fortaleza, Juazeiro do Norte, os seus olhos nunca se afastaram da paisagem verde da serra e das fontes murmurosas das encostas. Profissionalmente, enveredou por incontáveis atividades. Eclético, inteligente, desenvolto, fez-se sempre um funcionário padrão quer como comerciante, administrador, contador e, por fim, bancário e gerente do banco do brasil, cargo onde se aposentou em 1990. Casado com d. Eunice Menezes desde 1962, legou a estas terras uma família sóbria, harmônica e querida: seis filhos, dezoito netos e três bisnetos. Nascido da musical prole do maestro Pedro Teles, com vários irmãos e irmãs músicos inspirados, Tutita tinha um apurado gosto musical, sendo seu cantor predileto o grande Orlando Silva, de quem possuía quase toda discografia e a quem teve a honra de hospedá-lo, na sua vinda ao Crato, em 1966. Aposentado, Tutita se tornou um leitor voraz, tinha uma memória prodigiosa e acompanhava pari passu as atividades do nosso instituto cultural do cariri, colegiado que ele integrava, na Cadeira Número 5, da Seção Folclore, que tem como patrono o seu pai Pedro Teles. De todas as múltiplas artes que o nosso Tutita exercia, a mais importante delas foi, certamente, a de fazer amigos. Mantinha o espírito boêmio de sua geração, tinha o copo furado, gostava dos balcões , das mesas de bar e das pescarias e comemorava todos as nossas festas de solstícios, com grande galardia e devoção, como o São João e o carnaval. Numa vida que é sempre tão breve e a arte tão longa como vaticinara Hipócrates, Tutita percebia que era importante comemorar o milagre da existência em todas as suas mínimas e mais inexpressivas facetas. Deixou uma legião de amigos e admiradores que extrapolam em muito a capacidade desta cidade, neste momento de despedida. Dói em nós a inevitabilidade da impermanência , mas, vendo a trajetória simples, alegre, tranquila de Tutita, fica-nos sempre aquela certeza de que , no jardim, as rosas feneceram, mas é possível percebê-las, claramente, em sua brilhante presença, pelo perfume que continua espalhado no ar.
Grande Tutita !
Que vida !
J Flávio Vieira
Presidente do ICC
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